terça-feira, 23 de julho de 2013

Paulo Freire

ALGUNS PENAMENTOS DE PAULO FREIRE


A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém.
                                                                                                                              Paulo Freire
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.
                                                                                                            Paulo Freire
Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.
                                                                                                   Paulo Freire
Biografia de Paulo Freire

Introdução 
Paulo Régis Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife. Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de árvore no quintal da casa da família. Com 10 anos de idade, a família  mudou para a cidade de Jaboatão.
Biografia 
Na adolescência começou a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa. Com 22 anos de idade, Paulo Freire começa a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife. Enquanto cursava a faculdade de direito, casou-se com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, tem teve cinco filhos e começou a lecionar no Colégio Oswaldo Cruz em Recife. Após a morte de sua primeira mulher, casou-se com uma ex-aluna, Ana Maria Araújo Freire.
No ano de 1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 participa de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste congresso, apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização. De acordo com suas idéias, a alfabetização de adultos deve estar diretamente relacionada ao cotidiano do trabalhador. Desta forma, o adulto deve conhecer sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e atuante na vida social e política.
 A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart
No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares.Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido, foi lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de adultos. Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos), e, na década de 1970, foi consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional a governos de países pobres, a maioria no continente africano, que viviam na época um processo de independência. 

No final de 1971, Freire fez sua primeira visita a Zâmbia e Tanzânia. Em seguida, passou a ter uma participação mais significativa na educação de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. E também influenciou as experiências de Angola e Moçambique.
O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos. Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, escreveu dois livros tidos como fundamentais em sua obra: Pedagogia da Esperança (1992) e À Sombra desta Mangueira (1995). Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989,  durante a prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um belo trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África. Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997.
Doutor Honoris Causa por 27 universidades, Freire recebeu prêmios como: Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos Continentes (da Organização dos Estados Americanos, 1992).

Obras do educador Paulo Freire:
- A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 1961.
- Conscientização e alfabetização: uma nova visão do processo. Estudos Universitários – Revista de Cultura da Universidade do Recife. Número 4, 1963: 5-22.
- Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.
- Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1970.
- Educação e mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979.
- A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora, 1982.
- A educação na cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.
- Pedagogia da esperança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.
- Política e educação. São Paulo: Cortez Editora, 1993.
- Cartas a Cristina. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1974.
- À sombra desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1995.
- Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
- Mudar é difícil, mas é possível (Palestra proferida no SESI de Pernambuco). Recife: CNI/SESI, 1997-b.
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 Pedagogia da indignação. São Paulo: UNESP, 2000.
- Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez Editora, 2001.
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domingo, 30 de junho de 2013

Pausa de Moacyr Scliar

Professora  Adriana  M. das  Neves
Pensamento de Moacyr Scliar


            Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
            — Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
            — Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
            — Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
            — Por que não vens almoçar?
            — Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
            — Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
            — Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
            — Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
            — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
            — Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. 
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
            — Já vai, seu Isidoro?
            — Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
            — Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
            — Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
            — O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.


                                                                                                                                     Moacyr Scliar
                                                     (De O Carnaval dos Animais. Porto Alegre, Ed. Movimento, 1969.)
Inferências gerais:
Faça um breve comentário sobre a biografia do autor.
Antes de apresentar o texto para os alunos questioná-los.
1-      O que seria “Pausa”? O que significa está palavra?
2-       Esse título desperta a atenção do leitor? Por quê? O que ele sugere?
3-      Pelo título, dá para imaginar o assunto? 
Após comentários distribua o texto a todos e durante a leitura vá interrompendo-a e interagindo com os alunos através dos questionamentos citados abaixo, fazendo com que no final da leitura percebam as pausas contidas existentes durante o percurso da história.
Inicie a leitura dando continuidade até este trecho:
(A mulher coçava a axila esquerda....”Volto de noite”.) questione:
4 - Samuel diz que está indo para o escritório, porém sua mulher lhe faz uma observação dizendo que todos os domingos ele logo cedo saía. Será que realmente ele estava indo para o escritório?
Após as respostas, continue a leitura até o próximo parágrafo citado abaixo. E assim dê continuidade às próximas sequências.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade.  ( interrompa e questione: 3 e 4)
5 - Samuel é reconhecido pelo gerente do hotel por outro nome. Por que você acha que ele não usava o nome verdadeiro?
6-Pelo significado da palavra “Pausa” (parada), como podemos entender a atitude do personagem Samuel, quando sai de casa aos domingos para dormir em um quarto de hotel? O que ele queria?
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. (interrompa e questione)
7-Até o presente momento  de nossa leitura,em sua opinião qual era o objetivo de Samuel ao sair de casa todos os domingos de manhã, para ir dormir em um hotel? O que ele desejava?
- O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu. (interrompa e questione).
8-- Samuel deixa o hotel respondendo ao gerente que não sabe se voltará no próximo domingo. O que você acredita ser o motivo maior, o qual ele não afirma que voltará no próximo domingo?
        9- Reparem nas vírgulas, pontos finais, reticências existentes no texto. Que importância essas pontuações têm para a compreensão desse conto?
     
       10- Grife as palavras desconhecidas, procure o seu significado no dicionário e anote no seu caderno.

11-O que acharam da personagem principal? Que recursos linguísticos o autor usou para lhe dar realce?
12-O autor é observador ou personagem? (foco narrativo)
13-Esse texto fez vocês pensarem? Que ideias vieram à cabeça?
14-Existe um elemento surpresa?
15-Como foi  o desfecho? Tudo ocorreu de acordo com o que você havia imaginado?
16- Em grupo, transformem  esse conto em uma  história em quadrinhos.


Referência bibliográfica
ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. In: Curso EaD/EFAP. Leitura e escrita em contexto digital– Programa Práticas de leitura e escrita na contemporaneidade. 2012.
SCLIAR, Moacyr. Pausa. In: BOSI. Alfredo (Org.) Conto Brasileiro Contemporâneo. São Paulo: Cultrix, s/d. p. 275-277.

Moacyr Scliar
Nascimento: 23 de Março de 1937
Morte: 27 de Fevereiro de 2011 (73 anos)
Ocupação: Escritor
Biografia: Moacyr Jaime Scliar foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de contos, romances, ensaios e literatura infantojuvenil. Também ficou conhecido por suas crônicas nos principais jornais do país.

Professora  Adriana M. das Neves
Público alvo: 9º ano
Tempo previsto: 5 aulas
Tema:  “ Pausa”  - Moacyr Scliar
Objetivos: Levantar as hipóteses dos alunos a cerca do tema estudado; analisar a estrutura de um texto, buscando compreender como se organiza a sua estrutura; destacar informações importantes e transcrevê-las; releitura do texto para a produção da história em quadrinhos em grupo; compartilhar com os colegas o que aprenderam durante o estudo do texto “Pausa”.
Conteúdo: Estudo do gênero conto; elementos da narrativa; leitura do texto “Pausa”, produção em grupo de história em quadrinhos; reescrita de texto; estudo de aspectos lingüísticos.
Competências e habilidades: Identificar o efeito de sentido produzido em um texto literário, pelo uso intencional de pontuação expressiva (interrogação, exclamação, reticências, aspas etc.). Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão. Identificar o autor do texto.

Estratégias: Leitura realizada pelo professor dando entonação à mesma e utilizado pausas durante a leitura para discutir as informações contidas no texto através dos questionamentos.
Recursos: textos impressos, lousa, sulfite ou outro tipo de material para o desenvolvimento da história em quadrinhos, dicionários.

Avaliação: interação entre os alunos e alunos-professor e produção da história em quadrinhos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Experiência de Leitura e Escrita  

É um prazer poder partilhar este momento com vocês!  Moro em Jacareí e este ano estou lecionando na Escola Professora Darci Lopes.                                                                                             Professora Adriana Martins das Neves

Na minha casa não tínhamos livros ou revistas, na época éramos em 13 filhos; alguns já casados outros trabalhavam, minha mãe, apesar de muito inteligente, não tinha tempo de me acompanhar nas tarefas escolares. Com seis anos de diferença a mais de idade, minha irmã, detestava estudar, logo não se interessava em me ajudar. Recordo-me que na 1ª série copiava corretamente, minha letra era linda, caderno organizado, porém não sabia ler. Nas primeiras semanas de aula, me sentava na 1ª carteira, porém, após a chamada, minha querida professora me deslocava para a última carteira e lá com o reflexo do sol  batendo na lousa, me impedia de enxergar a escrita, pedia então para que me trocasse de lugar, a resposta era sempre negativa. Resultado: um ser rejeitado, desprezado, pobre... fui reprovada.
No ano seguinte caí com a mesma professora, aliás, não tinha como escapar, pois naquela escola ela era a única professora de 1ª série; escola pequena de bairro.  Então, certo dia ela faltou e não tinha quem a substituísse. Com isso, a diretora resolveu pedir para algumas alunas da 7ª série que estavam na quadra, que fizessem o favor de ficar conosco e as orientou que usassem o livro didático para treinarmos a leitura. Algumas ficaram com dois, outras com três alunos. Bem, aquele com certeza foi meu dia de sorte! Quando ela abriu o livro, meu estômago gelou por medo e insegurança, meus olhos já estavam com lágrimas; então olhei pra ela e disse: ”Pelo amor de Deus me ensina a ler?!” E carinhosamente, apontou o dedo para cada letra e em seguida uniu-as em sílabas, fazendo com que eu entendesse que era a partir desta união que surgiam as palavras, e foi assim que aprendi a ler. Depois disso, todo o dia após chegar da escola pegava o livro didático de português e treinava através deste método. E a partir daí, tudo começou a ter sentido no que eu copiava.
 Hoje, meu foco principal antes do desenvolvimento da escrita é a leitura. Ao realizarem a leitura, alguns alunos não respeitam as pontuações, às vezes aparecem palavras as quais têm dificuldade de pronunciar, já outros deslizam com leveza, sem dificuldades; porém, o importante, seja como for, é o entendimento, o sentido, o significado, que dão ao assunto abordado, pois em todas as leituras seja ela silenciosa, coletiva, antes, durante ou após a realização da mesma, sempre tem que existir a interação entre alunos-professor. “A leitura é essencial na vida do ser humano, pois ela nos transforma, assim como cita o psicanalista, educador, escritor e teólogo Rubem Alves”. Eu mesmo sou o que sou pelos escritores que devorei... E se escrevo é na esperança de ser devorado pelos meus leitores”
 Mundo da Educação
Olá pessoal! Estou na rede estadual de ensino há mais de dez anos ,aqui mesmo em Arujá,onde moro,Gosto muito da minha profissão e a considero muito desafiadora. Costumo ler livros ,assistir filmes,amo ir ao cinema com meu filho Raul pois adoro estar com minha família.. Prof. Ana Flávia de Souza


Eu tenho o hábito de escrever.Escrevo é claro,por prazer pessoal.Gosto especialmente de ler e escrever crônicas divertidas e levemente críticas. E confesso que já pensei seriamente em escrever um livro só de crônicas...Mas ,ainda é um projeto apenas guardado no pensamento. E´ realmente um prazer recordar as obras responsáveis por despertar em mim,o doce e bom gosto pela leitura,semper tive uma predileção pelos contos de fadas. Mas,as obras inesquecíveis da minha vida enquanto leitora são:         "Uma casinha na campina" de Laura Wilder e "De repente dá certo" de Ruth Rocha. Ah! que belos tempos me reportam esses livros...O primeiro, eu li na companhia da minha irmã ,a Claudinha. Na época eu tinha 8 anos e ela 9. Nós nos revezávamos na leitura .        Era um livro espesso,o qual narrava a história de uma família nômade. Com certeza, por esta razão ,o livro ficou para sempre em nossas memórias e coração...., a cada mudança, uma nova aventura. Lembro-me que minha mãe adorava nos ouvir recontar as histórias que líamos e isto gerou até uma saudável competição entre nós ,para ver quem conseguia ler mais livros, Acho que isso explica o fato de sermos leitoras assíduas.Já o gosto pela escrita,começou como os relatos ,os quais ,diariamente,eu registrava em meu pequeno diário. Mais tarde, esse gosto se afirmou através da prática de minha mãezinha em ditar assuntos para as cartas, as quais, frequentemente,ela enviava para suas amigas e parentes distantes.


Iniciei na  Rede Pública de Ensino  do Estado de São Paulo em 1987.  Moro em Jacareí . Leciono na Escola Antonio José de Siqueira. Gosto do novo, necessito aprender sempre.     Prof.Ana Luisa Bruni

Ler sempre:Na alegria,na tristeza,na saúde ou na doença.

Confesso que nunca havia pensado sobre a questão de : como aprendi a ler ou qual foi a primeira palavra que consegui formar , muito menos o primeiro livro que li. Tenho em mente muitas lembranças que se misturam.Uma bem linda...Pátio do Grupo Escolar Coronel Carlos Porto.Um palco ou talvez apenas um elevado, mas era algo que colocava em evidência aquelas crianças que tinham aprendido a ler e liam com desenvoltura. Não sei precisar se uma semana antes ou apenas um dia, mas o diretor passava pelas salas e seguindo a lista da chamada ,cada aluno era colocado a prova e lia o trecho escolhido por ele. Após a leitura  éramos convocados ou não para o dia oficial da entrega do primeiro livro. Importante não? Era com orgulho que chegávamos em casa convocados para o dia tão especial.  

Um dia de cerimônia com direito a Hino Nacional, uniforme impecável, apresentações feitas pelas classes mais avançadas, discurso do diretor, depois o professor, então, cantávamos o Hino da escola: Salve o Grupo Escolar Carlos Porto ,salve o templo de amor e de luz,salve o nosso grandioso patrono que nas fendas do bem nos conduz ...E com toda pompa e circunstância recebíamos o tão esperado livro. O meu, A turma da Belinha.Que cheiro bom,cheiro de vitória,cheiro de importância. Cheirinho de aventura. Queria ler logo e mostrar para minha mãe."Muitooo legal"(sic)...Lembro também de um momento de leitura de gibis.


Meus irmãos mais velhos fazendo suas coisas e ouvindo minha leitura, tinha que ser em voz alta. Minha mãe gostava de ler e lia de tudo um pouco,incluindo as famosas  fotonovelas. Meu nome fora tirado de uma história dessas: amor ,romance...Acho legal saber disso! Lembro-me da história de Luis Jardim:" Meu pé de laranja lima" ,Todas as aventuras do Sítio do Pica-pau Amarelo, ( montamos certa vez , no quintal de casa a cena do circo que visita o Sítio do Pica-pau ). Amei ler A ilha perdida, Robson Cruzoé  e muios outros, tão lindos como as brincadeiras de criança.Cá entre nós, até hoje amo livros infantis,com bastante aventura. Não tive infância? Não,acredito que tive boa referência leitora que me ajuda  até hoje,pois consigo transparecer para meus alunos o gosto por algo deslumbrante.Ver que cada palavra tecida em outra palavra e a outra e a outra e outra,cria um mundo ,recria sentimentos e nutre a alma.